Há quem diga que as relações humanas são um jogo de xadrez. Eu cá acho que é mais parecido com um jogo de cartas, daqueles em que ninguém sabe bem o que o outro tem na mão, mas toda a gente finge que tem um ás guardado na manga.
E nesse jogo, há uma regra que devia vir impressa no manual da vida: não forces uma pessoa leal até ao ponto em que ela deixe de se importar. Porque quando isso acontece, não há regresso. A lealdade não tem botão de reset.
Mas depois há o outro lado da moeda. Aquele que nos ensina—à custa de muitas noites mal dormidas e de conversas que nunca aconteceram—que devemos tratar toda a gente com respeito. Não porque elas merecem, mas porque nós merecemos a nossa própria paz.
E então ficamos assim, neste limbo filosófico:
1. Ser leal até ao limite da estupidez?
2. Ou perceber a tempo que há mãos que nunca jogaram limpo?
A grande verdade é que há momentos na vida em que só queremos perceber se vale a pena pegar no telefone ou se devemos deixar o silêncio fazer o seu trabalho. O problema é que o silêncio tem um talento especial para nos devolver as perguntas que tentamos evitar.
Talvez o truque seja simples: não ficar de costas voltadas para ninguém, mas também não perder tempo a bater a uma porta que já foi trancada por dentro.
Afinal, a vida é curta. Demasiado curta para rancores, mas longa o suficiente para percebermos quem realmente merece um lugar à nossa mesa.
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