Não gosto quando não me respondem às mensagens. Não gosto quando não me respondem no primeiro dia. Não gosto quando não me respondem no segundo dia. Não gosto quando não me respondem no terceiro dia. No quarto dia, começo a ponderar se terá sido raptado por extraterrestres ou se simplesmente decidiu abandonar a sociedade para viver numa cabana remota, livre da opressão do WhatsApp.
Mas sejamos honestos, quem gosta de ser ignorado? Enviamos mensagens com a doce ilusão de obter uma resposta—uma pequena confirmação digital de que ainda existimos na realidade daquela pessoa. Mas quando aquele infame “visto” fica ali, parado, ignorado como o manual de instruções do micro-ondas, que opções temos? Enviamos outra mensagem? E outra? Ligamos? Enviamos um pombo-correio? Contratamos um detective para confirmar se ainda está vivo? Ou, num último rasgo de dignidade, fingimos que nunca enviámos nada e recomeçamos a vida com um novo nome noutra cidade?
Claro, há sempre explicações plausíveis. Talvez esteja ocupado. Talvez tenha ficado preso debaixo de algo extremamente pesado. Ou talvez—e esta é claramente a única explicação lógica—o iPhone 15 Pro tenha caído na retrete. Sim, só pode ser isso. O mais recente avanço da tecnologia, com a sua câmara digna de Hollywood, um processador mais potente que o computador da NASA nos anos 60 e um preço que obriga ao pagamento em prestações até à próxima encarnação, está agora submerso num túmulo aquático de porcelana, incapaz de responder, afogado no esquecimento. Uma morte trágica, mas nobre, para um dispositivo que já foi uma extensão do seu dono.
Portanto, se nunca mais obtiver resposta, assumirei o pior—não que me esteja a ignorar, mas que esteja agora sem iPhone 15 Pro, sentado no chão da casa de banho, a olhar para a retrete, a chorar silenciosamente a perda irreparável do seu querido companheiro tecnológico. E, naturalmente, enviar-lhe-ei mais uma mensagem. Só para ter a certeza.
Porque se não me responde, é como se nunca tivesse existido.
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