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Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2025

O Verdadeiro Amor e a Verdadeira Amizade

  O meu melhor amigo tem quatro patas. É o mais fiel de todos, o único que está sempre radiante por me ver, que faz festa cada vez que chego a casa, que dorme ao meu lado como se estivesse a proteger-me do mundo. Ele sente quando estou feliz, mas também sente quando não estou bem. Nesses dias, aproxima-se devagarinho, dá-me beijos como quem diz “estou aqui”, e depois deita-se quietinho, sem me incomodar, apenas presente, apenas ao meu lado. Se isso não é amor, então não sei o que será. Depois, há aqueles amigos que a vida nos dá e que, por mais tempo que passe sem falarmos, sabemos que estão lá. Amigos de infância, amigos que aparecem só nos aniversários, amigos com quem falamos o ano todo, amigos a quem podemos contar tudo: as nossas conquistas, as nossas promoções, as nossas tristezas, os nossos dias de depressão e as nossas frustrações. Porque sim, também as tenho. Há amigos que são família, mesmo sem laços de sangue. Mas depois há os outros. Os que achamos que são amigos,...

A Lealdade e a Arte de Virar as Costas

  Há quem diga que as relações humanas são um jogo de xadrez. Eu cá acho que é mais parecido com um jogo de cartas, daqueles em que ninguém sabe bem o que o outro tem na mão, mas toda a gente finge que tem um ás guardado na manga. E nesse jogo, há uma regra que devia vir impressa no manual da vida: não forces uma pessoa leal até ao ponto em que ela deixe de se importar. Porque quando isso acontece, não há regresso. A lealdade não tem botão de reset. Mas depois há o outro lado da moeda. Aquele que nos ensina—à custa de muitas noites mal dorm idas e de conversas que nunca aconteceram—que devemos tratar toda a gente com respeito. Não porque elas merecem, mas porque nós merecemos a nossa própria paz. E então ficamos assim, neste limbo filosófi co: 1. Ser leal até ao limite da estupidez? 2. Ou perceber a tempo que há mãos que nunca jogaram limpo? A grande verdade é que há momentos na vida em que só queremos perceber se vale a pena pegar no telefone ou se devemos deixar o silêncio faze...

Escolho a Paz

  Aprendi algo que carrego comigo como uma verdade inegociável: nunca quero dormir de costas voltadas para alguém. Nunca quero deixar um dia terminar sem dar espaço ao entendimento, sem oferecer um último olhar sincero, sem dizer o que precisa ser dito. E não é apenas por respeito ao outro—é por mim também. Porque não sei se no dia seguinte estarei cá. Nem sei se a outra pessoa estará. E se o tempo se esgotar sem um adeus, sem um sorriso, sem um gesto de reconciliação, talvez nada mais possa ser dito. Carregar uma despedida inacabada é um peso que não desejo para mim. Nos últimos dias, mergulhei nesse pensamento. Resguardei-me do mundo, parei o trabalho, deixei tudo suspenso. Tive a oportunidade de partir, de viajar, de largar tudo e recomeçar noutro lugar. Mas que sentido teria isso, se o que me pesa não é o lugar onde estou, mas sim a falta de paz dentro de mim? Escolhi primeiro tentar entender-me com quem precisava de me entender. Tentei. Mas a minha tentativa ficou no vazio. Nã...

Vilões das Circunstâncias

  Há um certo tipo de amor que só existe nos espaços entre a realidade. O tipo de amor demasiado frágil para suportar o peso do mundo, demasiado preso ao tempo, à distância e a tudo o que conspira contra ele. Permanece como um eco, como um sonho meio esquecido que se recusa a desaparecer, por mais vezes que nos digamos que nunca foi real. Nove conhece bem esse amor. Segue-o como uma sombra, sempre fora de alcance, sempre a sussurrar que as coisas poderiam ter sido diferentes. Não que tivessem sido, claro. Esse é o truque — acreditar num futuro que nunca teve qualquer hipótese de existir. Uma mentira tão bela que quase se torna verdade. A música toca, devagar no início, delicada, como se tivesse medo de perturbar o silêncio. Mas cresce, como estas coisas sempre crescem, expandindo-se até se tornar imensa, impossível de ignorar. E depois, no preciso momento em que parece prestes a libertar-se, desmorona-se. Corta-se. Fica inacabada. Porque é assim que estas coisas acabam — sem resolu...