A sobriedade não é apenas uma escolha. Para mim, é uma questão de vida ou morte. Ao longo de mais de 20 anos, tenho travado uma batalha diária, enfrentando não só os desafios externos, mas também os internos, que muitas vezes são ainda mais avassaladores. Esta jornada ensinou-me que estar limpa e sóbria é muito mais do que um estilo de vida; é um compromisso com a minha própria existência, com a paz interior e com aqueles que me rodeiam.
Manter-me em recuperação exige uma força que, por vezes, não sei de onde vem. Há dias em que a luta parece mais fácil, mas outros em que o peso do passado e a fragilidade do presente tornam tudo mais difícil. É nesses momentos que me lembro de algo fundamental: basta enfrentar um dia de cada vez. Não preciso carregar o peso de todo o futuro agora, nem posso mudar o que ficou para trás. Tudo o que tenho é o presente, este dia, esta hora. E isso é suficiente.
A comunidade de recuperação tem sido um pilar essencial nesta caminhada. Saber que não estou sozinha, que há outros que entendem, que lutam e que vencem diariamente, dá-me esperança e força para continuar. Mas também sei que, para muitos, esta luta não é reconhecida como deveria. A sobriedade é muitas vezes romantizada, mas a realidade é bem mais crua. Não se trata apenas de evitar uma substância ou um comportamento; trata-se de reconstruir uma vida, uma identidade, um propósito.
Se há algo que aprendi é que a recuperação é um acto de amor-próprio e coragem. É escolher a vida, mesmo quando tudo parece apontar na direcção contrária. É encontrar força na vulnerabilidade e na aceitação de que não sou perfeita, mas sou resiliente.
Para todos os que enfrentam esta luta, lembrem-se: um dia de cada vez. Seja qual for o vosso desafio, a força está dentro de vós, mesmo quando parece impossível encontrá-la.
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