Eu gosto das pessoas incomuns. Das ovelhas negras. Dos patos estranhos. Daquelas que nunca parecem encaixar-se nos lugares onde todos os outros pertencem. Gosto das que caminham à margem, observando em silêncio enquanto o mundo se apressa, distraído. São aquelas que veem a vida de uma forma diferente, que fazem perguntas que ninguém mais ousa fazer. As excêntricas, as artistas, as sonhadoras. Gosto de quem pinta fora das linhas, não porque não saiba seguir as regras, mas porque as regras nunca foram feitas para elas.
Tenho uma afinidade profunda com estas almas singulares. Talvez porque também me sinta assim, desalinhada do que a sociedade insiste em rotular como normal. Identifico-me com os que guardam em si uma intensidade que, para muitos, parece estranha ou deslocada. As introspectivas, as pensadoras, aquelas que carregam no coração histórias que poucos conseguem compreender. Há algo de bonito e verdadeiro nessa diferença – não na estranheza, mas na autenticidade.
E identifico-me ainda mais com quem está a atravessar crises – de fé, de confiança, de espiritualidade. Porque também eu já passei por momentos em que tudo parecia perdido. Já senti o peso de uma nuvem negra sobre mim, a sombra a esconder qualquer réstia de luz. Já estive perdida nos meus próprios pensamentos, a lutar para encontrar sentido, enquanto o mundo girava como se a minha dor fosse invisível.
A vida ensinou-me, no entanto, que mesmo os dias mais sombrios acabam por passar. Às vezes, quando menos se espera, surge uma clareira, uma brisa que afasta as tempestades da mente. É como se o tempo, na sua sabedoria silenciosa, curasse feridas que eu achava impossíveis de sarar. Aprendi que há uma força resiliente dentro de cada um de nós, mesmo quando parece que estamos no limite.
Por vezes, até as pequenas doenças que o corpo manifesta são apenas reflexos dos nossos sentimentos, pensamentos ou problemas mais profundos. O corpo fala aquilo que a alma ainda não conseguiu expressar. Quando aprendi a ouvir-me – a prestar atenção ao que me inquietava por dentro –, descobri que muitas das minhas batalhas estavam relacionadas com a minha própria luta para aceitar quem sou, sem a necessidade de me moldar às expectativas alheias.
Talvez este texto seja para mim mesma. Talvez seja para alguém especial que precisa de ouvir que não está só. Que a diferença não é um defeito, mas sim um presente. Que mesmo quando nos sentimos perdidos, há um caminho que se abre, uma lição que surge nas entrelinhas. Porque a vida, com toda a sua complexidade, nunca nos deixa sem algo a aprender.
No fundo, gosto de pessoas que se recusam a ser moldadas pelo mundo. Gosto de quem tem a bondade de ser verdadeiro consigo mesmo, de quem se lembra, mesmo nos dias difíceis, que ser diferente é uma dádiva. Se te identificas com isto, então este texto também é para ti. E, tal como a vida sempre me mostrou, as nuvens acabam por passar, deixando o sol brilhar no seu tempo certo.
Que este texto te encontre onde precisas e te lembre que há força na vulnerabilidade e beleza em ser quem realmente és.
Comentários