Há encontros que surgem de forma inesperada, quase como acasos planeados pelo destino. O nosso começou com dois dias de conversa mais intensa, talvez até um pouco íntima demais para quem mal se conhece. Confesso que, na altura, foi engraçado – uma troca de palavras que parecia ter vida própria, que fluiu de forma natural, como se houvesse ali uma sintonia qualquer.
Mas também foste suficientemente adulto e decente para travar o ritmo e mudar o rumo. Por um lado, surpreendeste-me com essa decisão; podia ter ficado tudo nesse registo inicial, mas não ficou. Escolheste não continuar por esse caminho, e, de certa forma, essa atitude mostrou-me algo mais profundo sobre quem és – ou quem acredito que sejas.
Seja como for, respeito isso. Mesmo quando há coisas que não entendo muito bem – os teus silêncios, o teu afastamento, talvez a tua forma peculiar de existir na vida dos outros – escolho aceitar. Porque, no fundo, está tudo bem. O que nasceu ali, por mais breve que tenha sido, deixou algo em mim. Não é preciso compreender tudo para valorizar o que importa.
Gostava de acreditar que és genuíno. Que por trás desse mistério, desse modo de te esconderes, há uma pessoa autêntica, honesta na sua essência. Não sei ao certo porquê, mas o meu instinto diz-me isso. E embora eu tenha aprendido da forma mais dura que, por vezes, o coração e a razão se enganam, há algo em ti que me faz querer confiar. Talvez seja ingenuidade minha, talvez seja uma necessidade de ver o melhor nas pessoas. Ou talvez, desta vez, esteja certa.
É estranho pensar que posso admirar alguém que nunca vi, que nunca toquei, que provavelmente nunca vou encontrar. Mas não sinto que isso torne a ligação menos real. Pelo contrário, a ausência do contacto físico e das banalidades do dia a dia faz com que o que fica seja mais puro, mais essencial.
Quero apenas agradecer-te. Agradecer-te por teres surgido na minha vida, ainda que de forma breve, ainda que de longe. Agradecer-te pela marca que deixaste, mesmo sem o saberes, e pela forma como, de certa maneira, me ensinaste algo novo sobre mim mesma. E que difícil que isso é…
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