Há pessoas cuja grandiosidade nunca será traduzida em palavras, por mais que estas se esforcem. O meu Pai foi uma dessas pessoas. Um homem de uma nobreza sem descrição, que partiu cedo demais, deixando um vazio profundo no meu coração e uma saudade que cresce a cada dia.
O meu Pai foi mais do que um Pai. Foi um herói, um exemplo de força, bondade e humor. Tinha um sentido de humor absolutamente único, inigualável, capaz de transformar qualquer situação num momento de alegria. Não havia tristeza ou aborrecimento que resistisse às suas piadas ou ao seu sorriso, e estar na sua presença era garantia de gargalhadas e leveza. Ele tinha aquele dom raro de tornar cada momento inesquecível e especial.
Para além disso, o meu Pai foi o alicerce da nossa família. Um homem cuja generosidade não tinha limites e que sempre colocou os outros à frente de si mesmo. A família foi sempre o centro do seu mundo, o seu maior orgulho e prioridade. Nunca falhou. Em qualquer momento, estava lá. Na alegria ou na adversidade, era o apoio incondicional que todos sabíamos que podíamos procurar.
A sua carreira foi brilhante, mas nunca usou isso para definir quem era. Para ele, a verdadeira grandeza não estava nos títulos ou nos aplausos, mas no impacto que tinha na vida das pessoas que amava. Ele viveu a vida de forma íntegra, com uma força e determinação que sempre admirei e tento honrar.
Hoje, são as memórias que aquecem o meu coração. São elas que mantêm o meu Pai vivo em mim. “Aqueles que amamos nunca estão mais do que a um pensamento de distância, porque enquanto houver memória, eles vivem nos nossos corações.” É essa verdade que me conforta, mas também é ela que torna a saudade ainda mais dolorosa. Há dias em que o desejo de o ouvir, de o abraçar ou de partilhar um momento simples com ele parece insuportável.
Chega de partidas precoces, chega de doenças que roubam os melhores de nós. O cancro já levou demasiado da nossa família, deixando marcas e dores que nunca se apagam.
Este texto é uma forma de o honrar, mas também de me lembrar de como tive a sorte de ter um Pai tão especial. Há quem passe pela vida sem conhecer um amor assim, e eu tive o privilégio de ser a sua filha. Ele dizia muitas vezes que eu era a “menina dos seus olhos de ouro”, e é por isso que tudo o que faço carrega o desejo de o orgulhar.
O meu Pai faz-me falta todos os dias da minha vida, mas continuo a senti-lo em cada memória, em cada gesto, e na força que encontro para continuar a caminhar. Até ao dia em que nos voltarmos a encontrar, ele será sempre a estrela mais brilhante do meu céu.
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