Hoje acordei com aquela sensação estranha, difícil de explicar, como se estivesse distante de tudo, até de mim mesma. É como se estivesse a atravessar o dia envolta numa névoa, onde as palavras chegam aos meus ouvidos, mas o significado parece perder-se pelo caminho. Sinto-me dormente, tanto no corpo como na alma, como se algo em mim estivesse adormecido.
Lembro-me de quando era criança e ficava doente. Nessa altura, tudo parecia mais simples. Mesmo quando o corpo não respondia, havia sempre um abraço quente, uma palavra doce ou um gesto de cuidado que fazia o mundo parecer mais leve. Hoje, sinto falta desse conforto. Essa necessidade de me sentir protegida, de ter alguém a segurar-me a mão e a dizer que tudo vai ficar bem.
Tal como na infância, há momentos em que não conseguimos explicar o que sentimos. É como tentar agarrar um momento fugaz — vemos de relance, tentamos alcançar, mas escapa-se. Só sabemos que há algo dentro de nós que precisa de atenção, de carinho, de calor humano.
Hoje sou apenas eu e este sentimento, uma criança crescida a procurar aquilo que só o amor e o cuidado podem curar. Talvez seja só um daqueles dias em que precisamos de nos deixar ficar quietos, ouvir o silêncio e procurar na simplicidade a paz que tantas vezes perdemos.
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