Pó de Estrela

 








Há silêncios que não pesam.

Há ausências que não doem.

Há partidas que chegam tarde, mas quando chegam… que alívio.


Desde que ele se foi — discreto, como convinha — a minha vida tem outro som.

Mais leve.

Mais meu.

E vou ter um mês inteiro, até dia 10 de maio, de paz absoluta.

Sim, um mês.

Sem explicações, sem ajustes, sem conversas que começam num ponto e acabam numa espiral de nada.

Um mês em que posso simplesmente ser.

E ser, quando não se está a gerir o caos de ninguém, é maravilhoso.


Não me dei ao trabalho de dramatizar.

Não é necessário sublinhar o que já estava a itálico há tanto tempo.

A verdade é que há presenças que, por mais que falem, não acrescentam.

E eu agora escolho acrescentar-me a mim.


Comecei pelas pequenas coisas.

Dormir com o corpo em paz.

Tomar o pequeno-almoço ao som da minha música e não da inquietação alheia.

Organizar o meu tempo sem a dança desconfortável de quem vive a descompasso com o que eu sou.


Há uma tranquilidade que só chega quando deixamos de ceder espaço à energia de alguém que nunca soube realmente onde pertencer.

Agora tudo flui.

O tempo, os pensamentos, os cafés quentes que já não arrefecem com interrupções.


Não é vingança.

Nem orgulho.

É lucidez.

É aquele momento em que percebemos que o espaço que alguém ocupava era maior do que o impacto que realmente tinha.


E eu?

Eu estou bem.

Melhor que bem.

Estou inteira.

Com os pés no chão, a alma de volta, e uma agenda cheia de nada — o meu tipo favorito de compromisso.









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