Imparável e Risonha



Ser mulher é uma coisa estranha. Linda, mas estranha.

Tem dias em que parecemos ter superpoderes.

Outros, em que só queremos que o mundo inteiro pare de fazer barulho e nos traga um copo de vinho e silêncio absoluto.


Mas há algo que me orgulho profundamente:

Eu dou conta do recado. Mesmo quando não quero. Mesmo quando não posso. Mesmo quando estou exausta, irritada e a 3 segundos de me transformar num furacão emocional com eyeliner.


Sou mulher.

Já fui flor. Já fui tempestade. Já fui tábua de salvação de muita coisa que nem era minha.

E hoje? Hoje sou prioritariamente minha.


Durante anos disseram-me que tinha de ser forte.

Mas nunca disseram que podia ser frágil quando me apetecesse.

Que podia dizer “não”, que podia escolher estar calada, que podia escolher o meu tempo.

E agora que sei isso?

Ai de quem tente tirar-me essa escolha.


Sei cuidar dos outros, claro que sei.

Tenho um radar emocional mais apurado que os sistemas de segurança da NASA.

Mas também sei fechar a porta, meter um roupão felpudo, desligar o mundo e tratar de mim como se fosse a coisa mais preciosa do universo — porque sou.


Sou engraçada.

Não é modéstia, é estatística.

Já fiz rir pessoas em filas do supermercado, reuniões tensas e em mensagens de voz às três da manhã.

E rir salva.

Salva dias, salva relações, salva sanidade.


A minha beleza?

É minha.

Tem dias em que me acho deslumbrante.

Outros, pareço a prima afastada de um cato desidratado.

Mas nunca deixo de ser interessante.

Há sempre um brilho, nem que seja só no olhar de quem sabe exatamente onde não quer estar.


A minha força não é de manual de autoajuda.

É daquela que vem depois de estar de rastos, olhar o fundo e dizer: “Está bem, mas daqui eu saio com estilo.”


E sim, o mundo não seria o mesmo sem mim.

E não falo só da minha mãe que ainda me pede para lhe resolver o Wi-Fi.

Falo de tudo o que sou, de tudo o que seguro, de tudo o que transformo só por estar presente.

Com humor, com intenção, com amor.


Hoje, como todos os dias, celebro-me.

Não porque sou perfeita — mas porque sou brutalmente honesta, absolutamente humana, deliciosamente contraditória.


E sobretudo porque aprendi a olhar-me ao espelho e dizer:

“Olha só para ti. Ainda por cima, rires-te disto tudo? És uma obra de arte com gargalhada.”







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