Hoje uma conversa fez-me parar e olhar para mim. Uma guerreira sonhadora que estava adormecida dentro de mim, resolveu dar uns gritos. Sabem aquele momento tenso quando o “nosso eu” começa a conversar connosco? E depois pensamos assim: "Pronto, já pirei!", sabem?
Então, essa pessoa, companhia das minhas caminhadas noturnas e caninas, disse-me
algumas coisas boas, algumas verdades, que eu gostaria de aqui partilhar.
Imaginemos que essa pessoa também esteja a tentar falar convosco, mas, por algum motivo, não conseguem ouvir aquela voz...
Ela disse-me assim:
"Óh miúda, olha-te ao espelho, pára um pouco e lembra-te do último homem que
te beijou, aquele gato, moreno de cabelos compridos, surfista, dos olhos de
mar, que te olhava nos olhos e não se cansava de te beijar. Lembra-te das
coisas picantes que ele te dizia ao ouvido enquanto gemias de prazer? E daí que
ele não era o teu grande amor? Foda-se aquele tesão, sinceramente, tesão não
combina com dor, esquece-o. Está bem, não dá para esquecer? Então não esqueças,
mas volta a viver.
Tu és linda, lembra-te dos suspiros no elevador? E aquele teu amigo do parque? Diz a verdade, ele é muito mais giro e normal que esse tesão, e ele é louco por ti! Tu és especial, não deixes nada nem ninguém fazer-te esquecer disso.
Há pessoas que não vivem sem o teu sorriso. Fica perto de quem te faz bem, te quer bem, te quer de verdade, pode até ser uma questão de tesão, mas deseja-te, é só separar, não te deixes envolver se sentires que vais sofrer.
Esquece as mágoas, não te deixes abater. Não és tu quem dizes que o que não mata fortalece, e o que não é bênção é desprendimento? Então, põe um batom, veste uma roupa gira e vai ver os teus amigos. E quando as lembranças tristes, das feridas, dos amores perdidos, das alianças quebradas, daquilo que não te fez sofrer, lembra-te: Triste deve ser a vida de quem te perdeu!"
"Há uma noção muito interessante em que nunca pensamos: quando evoluímos, quando trabalhamos sobre nós próprios, mudamos a versão de quem somos, mas também mudamos a versão que as pessoas à nossa volta se habituaram, por momentos, a ter sobre nós.
Por isso, de facto, temos de perceber que elas estão a passar por um luto, por um luto pela pessoa que costumávamos ser - não somos só nós - e algumas pessoas não estão preparadas para aceitar isso. E essas mesmas pessoas, infelizmente, vão ter de aprender a desapegar-se de nós, porque nem toda a gente vai seguir-nos e isso é bom!
Algumas pessoas são feitas apenas para um momento das nossas vidas, um período das nossas vidas, enquanto outras são feitas para toda a nossa vida.
Depende, sabem, e têm de compreender isso. E acho que é preciso uma enorme coragem para ser capaz de deixar as pessoas irem embora quando elas tiverem que ir embora.
E tudo bem, foi bom, vamos ter algumas boas memórias juntos. Mas se as pessoas não me querem seguir para a próxima fase da minha vida, isso está bem, eu já não sou essa versão de mim própria!"
Comentários