Há dias resolvi rever o filme "28 dias".
Vi-o pela primeira vez em rehab e por vezes gosto de o rever para não me esquecer de onde vim, e o perigo que podem ter na minha vida certos comportamentos meus, e que os repito de uma forma consciente e constante.
Este filme passa-se numa uma clínica de reabilitação para adictos em drogas. A protagonista (Sandra Bullock) tinha problemas com álcool, mas os outros personagens tinham diversos tipos de adições: heroína, cocaína, medicamentos e tudo mais o que se pode imaginar. Um pouco como eu…
Dentro da clínica nenhum tipo de droga era permitido (claro!), nem um mero paracetamol para dor de cabeça, nada.
Sexo também era proibido. A única coisa permitida era o cigarro. Julgo que em todas as clínicas de rehab, há exceção dos NARCONOR da Igreja da Cientologia, fumar é permitido.
Pela minha história de vida, sempre gostei deste tipo de filmes que falam sobre dependência química. De certa forma conforta-me ver outras histórias, ver que eu não estou louca, que foi difícil mesmo, que não é exagero. É bom saber que não estou sozinha nesta viagem.
Ao longo do filme os pacientes em tratamento conversam sobre os vícios de cada
um e o impacto que isso teve na vida deles. Os arrependimentos, os problemas
causados e todas as consequências da droga na vida de uma pessoa.
Como não poderia deixar de ser, também mostra a dificuldade que cada um teve durante a primeira fase de abstinência: cada um à sua maneira e cada um com a sua droga de escolha.
Mais para o fim do filme é explicado que um adito não deve ter relações nos dois primeiros anos em recuperação. Primeiro deve comprar uma planta e não a deixar morrer no seu primeiro ano de vida. Depois deve arranjar um animal, e da mesma forma que o fez com a planta, não o deve nem deixar morrer nem o abandonar durante um ano. E se se conseguir fazer tudo isto, pode então começar a ter uma relação e tentar mantê-la saudável.
Então vamos lá:
Recaí na primeira semana
Não comprei uma planta porque não sei tratar de plantas
Envolvi-me com um adicto acabado de sair de rehab
Comprei um aquário redondo e um peixe encarnado que depois fui trocar no dia seguinte por um roxo, só porque me apeteceu
A relação com o adito era meramente sexual. Não gostava dele
O adito, de desgosto, morreu com uma overdose de seringa no braço numa casa de banho pública no Martim Moniz
Fiquei aliviada pelo “Blacke”, chamemos-lhe assim, ter morrido
Bati-me mal durante muito tempo, até uma visita ao cemitério para ver se me livrava daquele peso
Eventualmente, aquele peso passou, mas veio-me à memoria num pesadelo na noite passada
Voltei a este mesmo padrão depois e agora
Quis matar o meu peixe quando ele ficou doente, mas a minha empregada tomou conta dele e ele sobreviveu
Fui viajar e quando voltei, o peixe tinha morrido porque as minhas sobrinhas não souberam tomar conta dele
O que leva uma pessoa a entrar no mundo das drogas? A verdade é que não existe regra ou contexto certo.
Para mim é difícil de explicar, e se neste momento exato da minha vida ponho tudo em questão, com 23 anos de recuperação, é porque tem algo de muito errado a acontecer comigo.
Uma recaída pode não ter retorno!
Uma recaída pode matar!
O meu “Blake” não me sai da cabeça desde que vi o filme recente da Amy Winehouse. (Filme muito fraquinho e que não aconselho.)
Talvez não seja o “Blake” em si. Talvez seja mais a questão dos padrões da minha vida. O pesadelo que tudo despoletou em mim.
O "Blake” morreu e eu estou VIVA!
SÓ POR HOJE …. UM DIA DE CADA VEZ
Tenho manias, até a mania de nunca ter sido adita a nada.
Sou apenas uma turista dentro daquilo que quero conhecer e pronto!
Turista e jurista por acidente. Apaixonada por cinema, escrita e boa música.
Aventureira, sorridente, corajosa e séria. Viajo muito, em todos os sentidos.
Comecei a viajar em ideias e agora tento colocá-las em prática.
Trabalho no duro.
Vivo em movimento, faço mil coisas ao mesmo tempo, não consigo ficar parada um só minuto, mas num 1 minuto percebo que preciso de parar, meditar e evoluir.
Sonho em dar a volta ao mundo e poder voltar muitas outras vezes para os lugares e pessoas que eu AMO.
A utopia é cíclica, por isso viver é basicamente concertar o mesmo erro várias vezes.
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