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mparável e Risonha

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Ser mulher é uma coisa estranha. Linda, mas estranha. Tem dias em que parecemos ter superpoderes. Outros, em que só queremos que o mundo inteiro pare de fazer barulho e nos traga um copo de vinho e silêncio absoluto. Mas há algo que me orgulho profundamente: Eu dou conta do recado. Mesmo quando não quero. Mesmo quando não posso. Mesmo quando estou exausta, irritada e a 3 segundos de me transformar num furacão emocional com eyeliner. Sou mulher. Já fui flor. Já fui tempestade. Já fui tábua de salvação de muita coisa que nem era minha. E hoje? Hoje sou prioritariamente minha. Durante anos disseram-me que tinha de ser forte. Mas nunca disseram que podia ser frágil quando me apetecesse. Que podia dizer “não”, que podia escolher estar calada, que podia escolher o meu tempo. E agora que sei isso? Ai de quem tente tirar-me essa escolha . Sei cuidar dos outros, claro que sei. Tenho um radar emocional mais apurado que os sistemas de segurança da NASA. Mas também sei fechar a porta, meter um rou...

Pó de Estrela

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  Há silêncios que não pesam. Há ausências que não doem. Há partidas que chegam tarde, mas quando chegam… que alívio. Desde que ele se foi — discreto, como convinha — a minha vida tem outro som. Mais leve. Mais meu. E vou ter um mês inteiro, até dia 10 de maio, de paz absoluta. Sim, um mês. Sem explicações, sem ajustes, sem conversas que começam num ponto e acabam numa espiral de nada. Um mês em que posso simplesmente ser. E ser, quando não se está a gerir o caos de ninguém, é maravilhoso. Não me dei ao trabalho de dramatizar. Não é necessário sublinhar o que já estava a itálico há tanto tempo. A verdade é que há presenças que, por mais que falem, não acrescentam. E eu agora escolho acrescentar-me a mim. Comecei pelas pequenas coisas. Dormir com o corpo em paz. Tomar o pequeno-almoço ao som da minha música e não da inquietação alheia. Organizar o meu tempo sem a dança desconfortável de quem vive a descompasso com o que eu sou. Há uma tranquilidade que só chega quando deixamos de ce...

Chile em Pessoa

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  Hoje fui ao mercado com esperança. Aquela esperança genuína, quase inocente, de quem só queria encontrar um chile decente. Um chile com postura. Com brilho. Com presença picante, mas com dignidade. Mas não. O que encontrei foi um chile feio. Feio de nascença, feio de feitio, feio até na alma vegetal. Aquele tipo de feio que nem a luz da banca de legumes consegue disfarçar. Feio tipo “não me pegues sem luvas”. Mas com atitude. Porque, claro, o chile feio e esburacado é sempre o mais convencido. Cheguei a casa, olhei para ele e pensei: “Bem, vamos lá ver se ao menos compensa no sabor…” Spoiler: não compensou. Nem de longe. O momento culinário trágico Com respeito total, cortei-o como se estivesse a lidar com um ingrediente sério. Um guerreiro da cozinha. Um agente picante. Cheirei… Pivete. Cheirava mal!  Zero emoção. Nenhum sinal de perigo. Só um leve aroma a decepção com notas de ego ferido. Atirei-o ao tacho. Esperei o fogo. A explosão. A lágrima. Nada. O sabor? Um misto de...