Fim de Linha

 



Chegar ao fim de linha não é fraqueza — é lucidez.

É o momento em que se reconhece que já não há caminho possível com quem insiste em repetir padrões destrutivos. É onde termina a paciência, a dúvida, a esperança ilusória.

“Fim de linha” significa: daqui já não passas.

Não porque eu não tenha força para continuar, mas porque finalmente escolhi usar essa força para mim — e não mais contra mim.

É uma linha traçada com convicção, com dor, mas também com libertação.


Há momentos na vida em que as palavras deixam de ter valor. Quando os gestos se tornam incoerentes com aquilo que é dito. Quando o discurso se esvazia porque as ações falam mais alto — e falam, infelizmente, de tudo o que não devia existir.


Durante demasiado tempo, dei o benefício da dúvida. Acreditei nas versões suaves, nas desculpas mal construídas, nos silêncios que prometiam mudança. Acreditei porque, no fundo, queria acreditar que ainda havia carácter, que ainda havia respeito, que havia, pelo menos, uma noção mínima de humanidade. Enganei-me.


As tuas palavras tornaram-se ocas. Nem eco fazem. E é por isso que agora me escuto a mim.


Chegou o momento em que não posso, nem quero, permitir que alguém me volte a fazer mal. Já não tenho espaço para carregar dores que não são minhas, nem tempo para assistir passivamente a comportamentos que ferem. A minha paz vale mais. A minha dignidade vale mais. A minha vida vale mais.


As coisas chegaram a um ponto que nunca deveriam ter chegado. E se chegaram, não foi por acaso. Foi por ausência de verdade, de responsabilidade, de limites. E por isso, agora, os limites quem os dita sou eu.


Não se trata de vingança. Não se trata de fazer-te mal. Trata-se de me proteger. Trata-se de perceber que quando alguém insiste em brincar com o que há de mais íntimo — os sentimentos de outra pessoa —, não pode esperar que tudo continue como se nada tivesse acontecido. Porque aconteceu. Porque doeu. Porque marcou.


E quando o respeito desaparece, quando a empatia morre, quando a tua presença se torna uma ameaça à minha tranquilidade, então eu escolho defender-me. E se for preciso usar todos os meios que me assistem para o fazer, é isso que farei. Sem hesitação, sem medo, sem voltar atrás.


Comigo acabaram-se as palavras. Acabaram-se as segundas oportunidades. Acabou-se a tolerância. Acabou-se o contacto. Acabou-se tudo.


Doa a quem doer. Custe o que custar. Não fico parada enquanto alguém me tenta apagar.


E sim, estou no meu lugar. No meu país. Na minha vida.

E neste lugar, sou eu que traço os limites.

E tu ultrapassaste-os todos.

Neste momento, já não está nas minhas mãos fazer justiça — está nas mãos da própria justiça fazê-la.

E em Portugal, a justiça pode até demorar, mas costuma funcionar.

No teu país, talvez não. Mas no meu, no meu Portugal, eu vou fazer tudo para que a justiça me valha a mim. Não a ti.


E volto a dizer: isto não se trata de vingança. Trata-se de defesa. De me defender do mal que me fizeste — que foi grave, gravíssimo — e que atenta contra tudo aquilo que a lei do trabalho protege: dignidade, respeito e segurança.

É por mim. E por todas as vezes em que ninguém fez nada.


Acabaram-se, de vez, as brincadeiras de mau gosto e as mentiras de igual mau gosto.





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