Ah, os famosos “gatilhos emocionais”! Esse conceito que, apesar de já ter sido analisado por tantos psicólogos, continua a parecer-me uma ideia meio nebulosa. Afinal, o que é exatamente um gatilho? Porque é que algumas coisas, aparentemente inofensivas, têm o poder de me fazer sentir que estou no meio de uma novela dramática, com direito a um papel de protagonista?
Resumindo: um gatilho emocional é aquela reação visceral e inesperada que acontece quando algo, aparentemente trivial, mexe connosco de forma desproporcional. Para outra pessoa, pode ser só uma conversa casual. Para mim? É um bilhete de ida para a Terra do Drama. Por exemplo, quando alguém diz que pizza com ananás é aceitável e eu sinto que preciso de um microfone para começar um debate público sobre como isso fere a alma italiana. (Calma, fãs de pizza tropical. Respeito as vossas escolhas…, mas isto não deixa de ser um gatilho, está bem?)
O meu sótão mental: onde
guardo os gatilhos
Para entender os meus gatilhos, faço uma viagem ao meu “sótão mental”. É lá que guardo todas aquelas emoções e traumas antigos, muitas vezes esquecidos, mas prontos a saltar quando menos espero. Os gatilhos, afinal, são respostas automáticas – quase como um alarme de incêndio emocional – que nos protegem de experiências passadas dolorosas. Só que nem sempre o “perigo” é real. Às vezes, é só uma pizza… com ananás.
Os meus gatilhos vêm em
vários sabores (ironia deliciosa, não?):
1. O Gatilho da Crítica
Aquele pequeno incêndio emocional que se
acende quando alguém ousa questionar o meu gosto musical, as minhas escolhas
decorativas ou a minha organização doméstica.
2. O Gatilho do Abandono
Uma sirene interna que
começa a soar sempre que alguém cancela um plano comigo. “Desculpas? Diz-me
outra vez que foi ‘falta de tempo’...”
3. O Gatilho da Rejeição
Este é um clássico:
sentir-me excluída de algo que, na verdade, talvez nem quisesse fazer. Mas lá
estou eu, a imaginar-me como uma figurante mal aproveitada num evento
épico.
4. O Gatilho das Microagressões
Não, não se trata de
violência física. São aquelas pequenas “feridas” emocionais que ganham uma
magnitude cósmica na minha cabeça.
Lidar com os gatilhos: enfrentar ou ignorar?
Ignorá-los parece uma solução tentadora, mas é como tapar um monte de loiça suja com uma toalha. Por fora, tudo bem. Por dentro, um caos crescente. A verdadeira magia está em perceber de onde vêm esses gatilhos. Porquê o drama? Qual é a ferida antiga que essa situação está a tocar?
E depois, porque não rir um pouco de nós próprios? Afinal, o humor é um dos melhores remédios para as nossas vulnerabilidades. Transformar os meus gatilhos em piadas internas ajudou-me a olhar para eles com mais leveza e a perceber que, às vezes, o problema não é o comentário ou a pizza. Sou eu.
Na próxima vez que o drama
surgir, respiro fundo, digo-me mentalmente que não sou protagonista de nenhuma
telenovela, e avanço. Porque, no fim, reconhecer os meus gatilhos é uma forma
de autoconhecimento – e disso nunca há demasiado.
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