Ontem estava triste. Não foi por um motivo específico, nem por dois, nem por três. Foi por tudo e por nada ao mesmo tempo. Uma tristeza geral, como se a minha alma tivesse decidido entrar em greve sem me dar qualquer explicação. E o mais curioso? Estou numa fase em que, teoricamente, até deveria estar feliz. Mas a teoria nunca foi o meu forte.
A verdade é que a vida já me ensinou que, quando sinto que algo não vai acontecer, é porque não vai mesmo. Não sei se é o sexto sentido feminino ou se é apenas a experiência de vida a fazer o seu trabalho. Mas há sinais que são tão óbvios que já nem me dou ao trabalho de tentar enganar-me. Já sei o desfecho antes mesmo da história começar.
E estou triste. Não consigo explicar bem porquê, mas sinto que uma série de coisas se foram acumulando dentro de mim, e agora estão todas aqui, a pesar. Algumas pessoas da minha vida foram-se afastando com o tempo, outras fui eu que afastei, porque deixaram de fazer sentido. E há ainda aquelas das quais sei que me vou ter que afastar, porque simplesmente não me trazem nada de positivo. A questão é que tudo isto cansa.
Cansa sentir que estou sempre a lutar contra marés que nem sequer foram escolhidas por mim. Cansa sentir que a paz é um conceito teórico, daqueles que lemos em livros de autoajuda mas que, na prática, não sabemos bem como aplicar. E cansa, acima de tudo, perceber que sou eu quem se mete, repetidamente, em situações que não me fazem bem. A responsabilidade é minha, e não há como fugir disso.
Depois há o trabalho. Ah, o trabalho. Era suposto gostar do que faço? Ou já estamos todos resignados à ideia de que trabalhar é só mais uma das obrigações da vida? Eu sei que há quem ame o que faz, mas honestamente, neste momento, não estou nessa lista.
Acho que a única constante boa no meio disto tudo tem quatro patas e abana a cauda sempre que me vê. Há algo de puro na forma como os animais nos amam, sem julgamentos, sem expectativas. E talvez seja por isso que, no meio desta tristeza toda, o meu patudo seja a coisa que mais alegria me dá.
O mais estranho é que nem chorar consigo. Antes chorava. Sentia que libertava alguma coisa, que deixava ir. Agora nem isso. É como se esta tristeza estivesse tão enraizada que já nem se dá ao trabalho de se manifestar fisicamente. Talvez seja isso que chamam de uma tristeza seca.
Mas sei que vai passar. Tudo passa. Outros momentos virão, e alguns deles serão bons. Só preciso de encontrar uma forma de sair deste espaço em que me meti – porque, no fundo, fui eu que me meti aqui. Agora é erguer a cabeça e seguir.
E já que este post reflete o meu estado de espírito, nada como terminá-lo com uma música que faça jus ao momento. Talvez algo melancólico, mas bonito. Algo que me lembre que, mesmo nos momentos mais baixos, há sempre uma melodia que nos acompanha.
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