As mulheres que tomam o gosto a homens muito mais novos já não voltam atrás no paladar. Cozinhar a energia destes com a experiência dos mais velhos é sucesso garantido. Alguém passa a receita?
Porque é que as mulheres que gostam de homens mais novos são panteras, pumas e jaguares, e os homens que preferem lolitas são uns pedófilos? Uma pergunta muito comum nos dias que correm. Vejo-a dominar as conversas dos homens e fico a pensar no como é triste a sua falta de memória.
Durante séculos, senhora que se fizesse acompanhar por um rapazinho tinha tudo menos nome de felino – ou era insultada, ou alvo de chacota. Já eles, os sucedâneos de Nabokov (o célebre autor de Lolita), só tinham de esperar pelo momento certo. Se não fosse antes, pelo menos aos 50 anos, com a crise da meia-idade, herdavam o direito legítimo de trocar as suas mulheres gastas, com quem se tinham casado, por exemplares novinhos em folha de beleza e fidelidade. Outros tempos, como tento explicar aos meus amigos, que ainda não se habituaram a ser trocados por homens mais novos (alguns também são trocados por mulheres, mas isso fica para outro artigo).
O novo dicionário feminino é americano, como quase todas as modernices das últimas décadas. A puma tem entre 20 e 30 anos e gosta de sair com meninos. Regra geral, encontra-os em eventos desportivos ou no local de trabalho. As suas relações costumam ser breves porque acaba por cansar-se dos amigos imberbes e da falta de dinheiro do miúdo para a levar a jantar a um restaurante decente.
O termo cougar ficou célebre com a Samantha de Sexo e a Cidade – são as mulheres com mais de 35 anos que procuram homens disponíveis, divertidos, criativos, aventureiros e… mais jovens. Grandes frequentadoras de bares, discotecas, praias e hotéis de charme, muitas usam Wonderbra (ou implantes de silicone) e roupa justa para acentuar as formas.
Às que nunca casaram, ou que nunca tiveram filhos acontece, por vezes, caírem na tentação de imaginar um futuro risonho ao lado dos seus finalistas do curso de marketing.
As mulheres de 50 anos, ou mais, cheias de estilo, dinheiro e muita vontade de se divertirem com rapazinhos são as Jaguares. Lembrem-se da pinta do automóvel e está tudo dito.
Foram os sexólogos que acenderam o rastilho quando vieram balizar as idades de ouro do sexo. Para eles, o auge dá-se algures entre os 18 e os 25 anos; para elas, a boa vida começa a partir dos 35. Não é preciso ser um génio da matemática para chegar à fórmula sexual perfeita: mulher de 50 + homem de 30.
A combinação tem claras vantagens para a economia: as panteras não precisam de consultar o saldo para marcar mesa no melhor restaurante da cidade, e as jaguares vão passar uma semana ao Brasil como quem dá um salto à feira de Carcavelos. Esta disponibilidade financeira só exige uma contrapartida: tempo livre. Coisa que os senhores mais velhos, demasiado ocupados a gerir as suas promissoras carreiras, não têm para gastar com o prazer.
Sobram os rapazes, que, não dispondo de cartões dourados, têm uma energia ilimitada! Aposto que nunca se deitam preocupados com a queda da Bolsa de Nova Iorque ou com o último relatório do Banco de Portugal. No máximo, fazem o que têm a fazer e depois adormecem a pensar se haverá ondas no Guincho, no dia seguinte.
Os alarmistas falam de uma pandemia. Olham para Madonna e tremem só de pensar que o vírus pode passar das divas para as mulheres comuns. O pior, prevê-se já em revistas e blogues, é que há risco de a doença ser crónica – quem troca o velho beco pela nova autoestrada, pode nunca mais voltar à casa da partida.
Sim, os homens mais novos também têm defeitos: não são dados a conversas muito profundas, nem têm paciência para dramas existenciais. Em contrapartida, estão livres de ex-mulheres chatas e longe dos traumas de infância que hão-de empurrá-los para o divã do psicanalista quando chegarem aos 40. Ah, também podem usar calções, tangas e sungas sem dramas abdominais…
O ideal, como costuma dizer uma amiga sábia – e solteira –, era cozinhar a sabedoria dos 50 com o charme dos 40, o picante dos 30 (é nesta idade que costuma dar-lhe para experimentar tudo e isso às vezes tem piada) e a energia dos 20. Mas, isso, só com uma Bimby, não é?
Eles preferem as jovens
Uma das explicações científicas para a preferência dos homens por mulheres mais jovens é a da preservação da espécie – também serve para desculpar a poligamia. Ou seja: como os homens são férteis quase até ao final da vida, não investem tanto em relações exclusivas para alagar as possibilidades de descendência; simultaneamente, preferem mulheres mais jovens porque estas asseguram a procriação até mais tarde.
Mas se a reprodução deixar de ser o motor do acasalamento, será que eles continuam a preferir as mais novas?
Comentários