Hoje faço anos. Quantos? Pouco importa. Se gostam de números, nasci a 16 de fevereiro de mil novecentos e troca o passo. Façam as contas se quiserem, mas não me perguntem a idade – porque, com tantos tropeços pelo caminho, às vezes nem eu sei bem. O que interessa é que foram anos vividos, alguns inesquecíveis, outros que dispensava, e um ou outro que podiam ter ficado na gaveta do universo. Houve anos de sorte. De infância feliz. De um pai excecional, que deixou marcas que nunca se apagam, de uma mãe presente. De uma irmã que se tornou uma excelente amiga num momento certo, quando o chão parecia falhar, que apareceu quando mais precisei, dando-me carinho e apoio. De um irmão que adoro, que na adolescência foi o meu cúmplice de loucuras, mas que, com o passar dos anos e a construção da sua própria família, seguiu o seu caminho e a vida tratou de nos afastar um pouco. Houve anos de aprendizagem – e, diga-se, de aprendizagens duras. Fui mestre em meter-me onde não devia, em dar pal...
Ontem estava triste. Não foi por um motivo específico, nem por dois, nem por três. Foi por tudo e por nada ao mesmo tempo. Uma tristeza geral, como se a minha alma tivesse decidido entrar em greve sem me dar qualquer explicação. E o mais curioso? Estou numa fase em que, teoricamente, até deveria estar feliz. Mas a teoria nunca foi o meu forte. A verdade é que a vida já me ensinou que, quando sinto que algo não vai acontecer, é porque não vai me smo. Não sei se é o sexto sentido feminino ou se é apenas a experiência de vida a fazer o seu trabalho. Mas há sinais que são tão óbvios que já nem me dou ao trabalho de tentar enganar-me. Já sei o desfecho antes mesmo da história começar. E estou triste. Não consigo explicar bem porquê, mas sinto que uma série de coisas se foram acumulando dentro de mim, e agora estão todas aqui, a pesar. Algumas pessoas da minha vida foram-se afastando com o tempo, outras fui eu que afastei, porque deixaram de fazer sentido. E há ainda aquelas das qu...